terça-feira, 24 de março de 2009

A Castro - António Ferreira




ACTO IV


INÊS E O REI


CASTRO:Meu Senhor,
Esta he a mãy de teus netos.
Estes sãoFilhos daquelle filho, que tanto amas.
Esta he aquella coitada molher fraca,
Contra quem vens armado de crueza.
Aqui me tens. Bastava teu mandado
Pera eu segura, e livre t'esperar,
Em ti, e em minh'innocencia confiada.
Escusarás, Senhor, todo este estrondo
D'armas, e Cavaleiros; que não foge.
Nem se teme a innocencia, da justiça.


Tal como acontece em Os Lusíadas, Inês de Castro, deparando-se com a morte, apresenta argumentos ao Rei: é mãe dos filhos de Pedro; é mulher indefesa, só, frágil; é vítima do amor. Apela à sua consciência de rei, de avô, de pai e de homem.


Também nesta tragédia, o rei D. Afonso IV a quer perdoar, mas os Conselheiros do Rei, Pacheco e Coelho, querem a morte desta mãe inocente e apresentam ao Rei as razões de Estado.


Esta obra, publicada em 1537, é a primeira tragédia escrita em língua portuguesa e uma das obras mais importantes e representativas do teatro e da cultura.

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